Ontem o baby-de-mulata chegou connosco a casa de coração cheio, depois de ter dormido com os primos de 24 para 25 em casa dos avós, depois de ter cantado na missa do galo, depois de ter deixado bolachas e leite para o Pai Natal e para o menino Jesus junto à lareira (à cautela ficam sempre provisões para os dois, que a família divide-se entre as duas versões: as gerações mais velhas são partidárias fervorosas do menino Jesus e as mais novas são mais adeptas do Pai Natal). Depois de ter acordado e ido à lareira descobrir os presentes que lá tinham aparecido durante a noite. Depois da tradicional caça ao tesouro com os primos. Depois de uma galhofa pegada com toda a família.
Entrámos em casa e eu precisei de dar de mamar à mini-baby-de-mulata. O baby estava ao meu lado e, enquanto procurava um Beyblade numa gaveta da sala, encontrou um menino Jesus Pequenino. Achou-o mais maneirinho que o outro que já estava no presépio e substituiu-o. O menino Jesus original ficou esquecido no galinheiro ao lado da manjedoura. Olhei para o presépio e fiquei triste. Então no presépio havia agora um menino abandonado?
- Filho, o menino Jesus podia ser muito pobrezinho, mas tinha pai e mãe! E quem tem mãe tem tudo!
Continuou a brincar com os brinquedos novos enquanto eu dava de mamar à mana. Pouco depois veio-me chamar:
- Olha, mãe, o menino já tem uma boa mãe!
Tinha-o colocado na banca da senhora da fruta.
- Boa, filho! Quem tem mãe tem tudo! - voltei a frisar.
- Sim - respondeu pensativo-, e pai. E bons avós! E primos! Eu nem sei como dizer isto, mãe, mas sabes, quem tem família... pode ser muito feliz!
E eu sou uma mãe feliz! Foi o melhor do meu Natal! Boas festas para todos!