terça-feira, 27 de janeiro de 2015

[balanço atrasado de 2014] sinais de desesperança...

... também não foi em 2014 que nasceu outro Cristiano Ronaldo. Aliás, desde 2012 que não nasce nenhum. O Cristiano Ronaldo mais novo do país já vai fazer 3 anos dentro de dois meses, por contraponto aos seis Cristianos Ronaldos de 2008 que já vão fazer sete anos. Acho que estamos a perder o otimismo.

[a força que um sorriso pode ter!] rápidas melhoras...


 
A minha querida Irmã Lurdes (quem conhece este blogue há algum tempo, quem leu o meu livro ou quem me conhece sabe certamente de quem estou a falar), está internada, depois de mais de um ano de doença crónica e debilitante. Nunca me saíram da mente as suas palavras, num dia em que a médica lhe disse: "A Irmã tem fé, mas sabe... Deus às vezes não é para todos...". Ao que ela respondeu: "O que quer dizer com isso? Acha que não tenho coração para aceitar tudo aquilo que Deus me quiser dar?"
 
Eu tenho inveja desta fé, desta força de amar tudo e todos, sempre sem desanimar. As melhoras, Irmã... Fique com estas imagens, que a poderão animar um pouco das saudades que certamente terá das danças de África. Coragem e confiança!

sábado, 24 de janeiro de 2015

[vozes brancas*] serão assim os geeks em pequeninos?

Não sei se já vos tinha contado, mas o meu muito amado baby-de-mulata ingressou em Setembro, com nota 20 em adaptação, no mesmo colégio onde eu andei dos dois aos dez anos. Por feliz coincidência, a auxiliar da sala dele é a mesma que me acompanhou quando eu era da idade dele. Foi ela que me deu colo, tratou dói-dóis, que me consolou ("já passou, já passou, vamos já pôr um penso!"), me ajudou a dominar a frustração quando me apetecia rasgar um trabalho porque, aos meus olhos de pequena perfecionista, qualquer imperfeição ou ruga era uma cratera ameaçadora por onde todo o meu ego se poderia esvair. Foi ela que me pôs na ordem quando eu começava a pisar o risco. Ele adora-a, tal como à educadora. Ela adora-o, como neto da sua segunda casa. E, depois de dois anos inteiros em que o deixei em casa com a minha mãe, na companhia de baby M., o seu primo quase gémeo, eu não poderia ficar mais descansada quando o deixo na escola.

Na semana passada, porém, o baby-de-mulata informou-me que no dia seguinte não seria dia de escola.

- É sim, meu, amor, amanhã é quarta feira, o pai e a mãe vão trabalhar e tu vais para a escola.
- Ah, não, não, que eu sei que não! - Gritou o baby, visivelmente nervoso. - Amanhã não é dia de escola, que eu não vou!

Peguei-lhe ao colo, apreensiva, embalei-o, fiz-lhe cócegas. Que se teria passado?
- Mas por que é que estás tão aflito? - Voltei à carga,  por fim. - O que foi que se passou?
- A Maria [auxiliar] disse que amanhã não íamos para a nossa sala, amanhã vamos para a Sala das Nuvens [uma sala de creche, com bebés de um ano] porque vão fazer obras na nossa sala.
- Mas é só por um bocadinho, a Maria vai contigo e a Teresa [educadora] também. Vão lá estar os teus colegas e tu vais ajudar a educadora e as auxiliares da Sala das Nuvens a tomar conta dos bebés, vais ajudá-las a dar-lhes a papa, vais ensiná-los a cantar e a dançar. Eles vão ficar todos contentes por te terem lá!

...
...

- Mas eu não quero, mãe! Eu não vou, já disse!
- Mas porquê? Tu gostas tanto de bebés, ajudas tanto a cuidar deles e dás-lhes tantos beijinhos quando há bebés cá em casa...
- Mas eu não quero ir para a Sala das Nuvens.
- Porquê? Ora vamos cá ver, o que tem a Sala das Nuvens?
- Pode lá estar uma trovoada! - Respondeu a fazer beicinho...

[Tive de me conter para não dar uma gargalhada! Muito sofrem as crianças... Benza-o Deus, que se não tivesse três anos era um geek!]

Voz branca - Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

[vozes brancas*] literalidades...

 
- Mamã, onde vais? - Pergunta-me o baby-de-mulata, vendo-me calçar os sapatos e vestir o casaco.
- Vou ali ao multibanco, que preciso de ir levantar dinheiro.
- Posso ir contigo, posso, posso, mãe? Eu quero ir ajudar-te!
- Baby, está a chover lá fora... Deixa estar, meu amor, eu desta vez não preciso de ajuda.
- Mas eu quero ir ajudar-te, eu sou muito forte, eu consigo levantar dinheiro e pôr o dinheiro todo nas nuvens!

[Aconteceu-me o mesmo no outro dia com a expressão "céu da boca" e com a "perna da mesa". Vi-me grega para lhe explicar o conceito e no fim olhou-me, desconfiado. Insistia que o palato se devia chamar "teto da boca" porque "não estava lá muito em cima, estava já aqui" e que a perna da pesa se devia chamar "pilar". Eu sempre soube que as crianças não compreendem metáforas antes dos seis anos de idade, mas estou feita se tenho de lhe explicar cada uma das idiossincrasias da língua portuguesa e todas as suas metáforas cristalizadas em expressões do dia-a-dia...]

* Voz branca - Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

[vozes brancas] felicidade é...


... estar à espera da segunda filha, passar toda a gestação a inventar estratégias para preparar o nascimento de forma a que não afete a mais velha e... chegar à hora da verdade e ver-lhe um sorriso de felicidade estampado no rosto. Passado uns dias, a babada irmã mais velha olhava embevecida para a bebé e comentou com a mãe:

- Sabes, mãe, estou tão contente... era mesmo esta mana que eu queria!

(E eu, que tenho a melhor profissão do mundo, comovi-me...)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

as melhores do serviço de urgência [dos leites de lata]

Uma das maravilhas da jovem maternidade, quando por azar do destino, opção materna ou problemas de outras ordens e desordens não se pode amamentar, é a variedade de leites de lata que existem no mercado. Ele é com bífidos e probióticos, ele é com L-PUFAs, ele é anti-obstipantes, ele é anti-refluxo, ele é pró-conforto, ele é anti-cólicas. Ultimamente apareceram ainda os que acumulam: os que são anti-cólicas e hipoalergénicos, os que são anti-refluxo e hipoalergénicos. E há mercado para tudo isto, que as crianças choram, os pais desesperam, criam-se necessidades e o mercado é cada vez mais refinado, mais gourmet e exigente. Sobretudo no que toca ao leite, bode expiatório de quase todos os males, acusado de vilanagem porque tantas vezes, em vez de nutrir, desnutre... em vez de confortar, desconforta... e em vez de acalmar só enerva!

Não que não seja útil esta variedade. E o baby-de-mulata esteve durante tempos a fazer um leite medicinal que para ele foi importantíssimo, a 60 euros a lata pequena. E continuaria a pagar de bom grado cada cêntimo se fosse necessário. É a redundância de marcas, a publicidade descarada e desenfreada e o acenar com bandeiras para marcar pequenas diferenças que me deixa cética...

Serve esta pequena introdução para vos contar que há dois dias, no serviço de urgência perguntei a uma mãe de um bebé que chorava como um bezerro desmamado: "Que leite está a dar ao menino".

- A marca não dei, doutora, mas é um leite higiénico.
- Higiénico?
- Ai... caspofungénico (true story!)
- Hipoalergénico?
[um sorriso enorme, aliviado.] - Isso!